Conteúdos indesejados à distância de um clique
Desde a mais tenra idade até à adolescência, muitos são os perigos que espreitam na internet à espera da
curiosidade dos mais inocentes
Atualmente, é muito frequente vermos crianças, que ainda mal sabem andar ou sequer falar, já agarradas a um écran e, muitas vezes, são os próprios pais que lhes dão o telemóvel para a mão para os entreterem ou acabarem com as tão temidas birras. Um vício que começa desde cedo e que só tem tendência a agravar-se com a chegada da adolescência e a tão perigosa exposição nas redes sociais.
Se o telemóvel é, hoje em dia, uma forma de os mais jovens estarem sempre contactáveis e de os progenitores saberem onde estes se encontram, também não deixa de representar uma fonte de acesso permanente e perigoso à internet. Procurar informações sobre dietas, exercícios, apoio emocional, saúde, bem-estar ou como fonte de auxílio escolar são alguns dos exemplos que poderemos até considerar normais. Mas quando se fala em questões de teor sexual há que se estar bem atento ao que os nossos filhos fazem online.
NEGLIGÊNCIA
Apesar de existir uma idade mínima para se poderem criar contas nas redes sociais, a realidade é que tanto as crianças como os adolescentes parecem ser peritos em conseguir contornar as regras e quando os pais não vigiam o que estes fazem pior ainda… Desde a visualização de conteúdos inapropriados para a idade até ao recebimento de mensagens de cariz sexual ou de pedidos de fotos ou vídeos conhecidos como nudes, muitos são os perigos que esperam os mais inexperientes online. Caberá, assim, aos progenitores vigiarem se os filhos andam a partilhar informações privadas, a conversar com estranhos ou a visitar sites pouco aconselháveis.
REALIDADE DESFIGURADA
É aquela que é transmitida pelas redes sociais, fruto de exageros, fantasias e filtros, e que leva muitas crianças e jovens a crescerem pensando não só que devem ter corpos e vidas perfeitas, mas também que as relações são contos de fadas, mas quando estas não o são rapidamente se tornam descartáveis. Como pais e educadores faz parte da nossa responsabilidade conversarmos com os mais jovens sobre todos os assuntos, esclarecendo quaisquer dúvidas que estes possam ter e mantendo um canal de comunicação sempre aberto e disponível, sem julgamentos ou tabus.
Dê o exemplo
As crianças devem ter limites no uso da internet, não podendo ocupar o tempo em que deveriam estar a dormir, a praticar exercício físico ou em atividades saudáveis. Temos de criar regras referentes aonde e quando é permitido o uso da internet. Deveremos ainda conversar com os mais pequenos sobre os perigos reais que existem nas redes sociais, pois, por mais que tentemos bloquear o acesso temos de, primeiro, elucidá-los sobre os perigos que o mau uso da internet pode trazer.
CONSELHOS
Normalmente, as crianças imitam os adultos, por isso, os pais, como modelo, devem dar o exemplo. Em casa, mantenha-se o mais longe do telemóvel possível ou deixe-o no silêncio. Tente estar mais tempo com os seus filhos, fazendo atividades que os mantenham ativos e ocupados para não sentirem a necessidade de estarem ligados às redes sociais. Converse com eles, esteja sempre presente e crie memórias afetivas.
Sandra Perpétuo (responsável pela EBI Portugal e Europa)
Ouvir sem julgar
Com medo do julgamento ou devido à incessante procura da liberdade de expressão, muitos jovens procuram refúgio online. Diariamente, recebem inúmeras informações através dos écrans, deixando os progenitores incapazes de acompanhar o seu ritmo e timeline. Por isso, é importante, como pais, esclarecer que defendemos a utilização moderada da internet e que não somos contra as redes socais. Surgindo, assim, a importância de estabelecer limites, de orientar e de conversar. Afinal, perguntar, ajudar e estar presente torna esta caminhada mais leve e saudável para todos.
CONSELHOS
Tal como ensinamos os nossos filhos sobre os perigos do mundo real também devemos conversar com eles sobre os perigos online e explicar-lhes mais sobre as questões de privacidade. Para além disso, é fundamental ter tempo de qualidade e abrir um espaço seguro. para que os nossos filhos possam criar laços de confiança e compreenderem que, em casa, existe alguém disposto a ouvi-los sem julgamentos. Na FJU também os escutamos sem julgar e procuramos ajudá-los para que aconteça essa mudança de dentro para fora.
Ana Carolina Ferreira (Coordenadora da FJU Portugal)
Fonte: Folha de Portugal