O fim de um sonho e o início do sofrimento

A perda da figura paternal fez Ornela entrar numa espiral destrutiva, deixando-se contagiar pela dor, tristeza e mágoa constantes Ornela conheceu desde cedo a Universal, onde foi aprendendo mais sobre os caminhos de Deus. Apesar de ter crescido sem o pai, Ornela pôde contar com o apoio de uma família bem estruturada, tendo como referência paternal os seus irmãos, principalmente o mais velho. Mas um dos seus sonhos de adolescente foi destruído e quase acabou com a sua vida. “Como qualquer adolescente tinha sonhos e um deles era viver com o meu irmão no estrangeiro, após a conclusão do secundário. Mas, com a morte do meu irmão no meu último ano do secundário, o conforto e a estrutura da minha família foram por água abaixo. Todos se isolaram, ninguém queria saber de ninguém e acabei por me sentir sozinha num momento tão delicado para todos.”

DECISÃO PRECIPITADA

Em busca de atenção, Ornela conheceu alguém e entrou de
cabeça num relacionamento problemático, sem sequer medir as consequências. “A princípio, nem gostava assim tanto do rapaz, mas devido à atenção e ao carinho que recebia dele, simplesmente embarquei nessa relação, sem a minha família saber.
Eu que tinha sido sempre uma menina ajuizada, calma e difícil de se deixar influenciar, acabei por estragar a minha relação com a minha família. Perdi a confiança, a admiração e o respeito de todos. Para além disso, o meu rendimento escolar já não era mais o mesmo e passei a ser uma pessoa triste, sem qualquer perspetiva de vida, chegando ao ponto de querer desaparecer.”

O MAIS DIFÍCIL

Mesmo conhecendo a Palavra de Deus, Ornela sabia onde deveria ir buscar ajuda, mas não se sentia digna do perdão de Deus. “Apesar de já ter conhecimento, ainda assim fiz o que era errado. A minha mente acusava-me e eu ocupava-me com o trabalho para não pensar.”
Mas com o surgimento da pandemia, como tinha de ficar em isolamento e não tendo para onde fugir, foi aí que a vida de Ornela começou realmente a transformar-se. “Nessa altura, comecei a participar nas reuniões online e, aos poucos, Deus foi-me mostrando que eu já estava perdoava. Mas eu também tinha de tomar a atitude de me perdoar a mim mesma, de me livrar da culpa e da vergonha que sentia. Então, quando a Universal reabriu as portas, fiz de tudo para participar nas reuniões, mesmo tendo horários de trabalho complicados. Voltei-me para Deus e, hoje, a culpa, a raiva o nojo que sentia de mim, Ele retirou do meu interior. Entretanto, a minha família perdoou-me e, agora, só peço a Deus para nunca mais permitir que eu me distancie d’Ele.”

Ornela da Conceição

Fonte: Folha de Portugal